terça-feira, 7 de novembro de 2017

domingo, 10 de setembro de 2017



Domingos Jorge Velho


O Bispo de Pernambuco teria dito que ele mal falava o português...

Mas essa era a sua assinatura e conforme o documento que assina esteve no Piauhy, sim.
Valeu, Padre Cláudio Melo.












Depois de procellosa tempestade
Noturna sombra, e sibilante vento,
Traz a manhã serena claridade,
Esperança de porto e salvamento:
Parta o sol a negra escuridade,
Removendo o temor ao pensamento:
                                              (Camões Csnt. 4 Est. 1)


segunda-feira, 31 de julho de 2017



POESIA - Lycurgo de Paiva


A bordo do Vapor Tamandaré
(Recitada por Lycurgo ao Corpo de Guarnição e Voluntários do Piauhy)

Bravos soldados – avante!
Filhos do norte – coragem!
D’aqui bem longe, distante,
Lá nos insulta um selvagem
Agora mesmo arrogante,
Talvez de novo nos fira;
 Quem nos dirá, neste instante,
 Qu’outras cabeças não tire?

Ide; correi pressurosos,
Ide ajustar nossas contas;
Ardendo em raiva, - fogosos,
Vingar a mãe das afrontas,
Ide, valentes, - briosos,
Vossos irmãos já lá estão,
Ferros nas mãos, luminosos.
Façam tremer o vilão!

Em Payssandu já s’ostenta
N’alta muralha – o pendão:
Montevidéu – opulenta
Curvou-se humilde à nação:
Resta-nos inda a cruenta,
 Essa fatal  - Paraguay!
Quem, onde o vil se sustenta
Vingar afrontas – não vai?

Neste festim sanguinário
Ide também ser convivas!
Quem não será solidário
Em circunstâncias tão vivas?
Quando à nação do fadário
O negro manto se a’antolha,
Quando no sul um corsário
Em nosso sangue se molha?

Ide vingar a donzela
Q’o manto o vil profanou;
Morta depois – tão singela!
Sem ver o céu que sonhou!;
A flor do vale tão bela,
Q'o monstro a seiva bebeu,
Clama por vós numa estrela,
Q’ lá no céu se perdeu.

O pai a mãe que a pranteiam,
A triste irmã, q’inda chora,
Loucos de dor devaneiam,
Clamam por Deus nesta hora;
Ardendo em fogo alardeiam
Em ais pungentes – vingança!...
No céu q’as nuvens branqueiam
Fitam olhar d’esperança!

Nossos avós - diz a história
Foram tímidos, valentes!
Em honra a essa memória,
Mostrai valor, combatentes!
No campo lá da vitória
Quando o clarim der – avança!...
Não fique um só – vão na glória
Ver, quanto aqui não a’alcança.

Ide cumprir um dever
O mais sagrado na terra:
A pátria – a mãe defender
Ide, valentes na guerra!
Por ela é bom combater.
Em frio chão resvalar;
De luta, enfim, quem morrer
Irá na glória acordar!

E, no correr da batalha,
Ao rijo troar do canhão,
A vossos pés sem mortalha,
Caiu gemendo o vilão;
E como a fera atassalha
A presa, em ódio a bramir,
Assim, de rojo, - o canalha.
Ouça o canhão retinir.

Quando da Pátria, em defesa,
Na luta morre seu guerreiro,
É como estrela que acesa
Revela o céu brasileiro!...
Deste país na grandeza,
No santo livro da  história,
Será sagrado à braveza,
Um brado – de alta vitória?!

Morte, morte ao vilão!
Brado o Piauí nesse instante,
E o echo pela amplidão
Vá-se escoar – retumbante-;
E do ardor – n’altivez-
Lá onde o monstro se perde
Triunfa mais uma vez –
Nosso pendão – auriverde-!






terça-feira, 14 de março de 2017

Atrás de uma herança no Piauí

Interessantíssimo documento revela um pouco mais de nossa história.
Nos séculos XVII e XVIII eram muitos os portugueses que buscavam sucesso nos Estados do Brasil e do Maranhão.
Um deles destacou-se na evangelização e deixou em seu testamento quantias razoáveis para os templos da Catinguinha, da Vila da Mocha, da Freguesia de Santo Antonio dos Alongazes e da Freguesia de Nossa Senhora do Carmo.
Era o Reverendo Padre Tomé de Carvalho, batizado em 26 de janeiro de 1673 no lugar Braga (deve ser Bragada), Freguesia de Santo Aleixo do Tâmega. Seus pais eram José da Silva e Catarina de Almeida, 
 Era primo legítimo do Padre Miguel  Carvalho, autor da livro "Descrição do Sertão do Piauí" e do irmão deste, o capitão-mor Antonio Carvalho de Almeida. 

Era ainda irmão do Padre Miguel de Carvalho e Silva (morador no Piauí em 1735).

Em seu testamento consta possuir entre outros bens a propriedade das Fazendas Vitória, Tranqueira, Caraúbas e Sítio Novo nos Alongares de Baixo, na Freguesia de Nossa Senhora do Carmo da Piracuruca. 

Possuía muito gado vacum nessas fazendas e também cavalares na Ilha da Parnaíba ou Ilha de José de Abreu Bacelar (irmão de Luis Carlos Pereira de Abreu Bacelar).

Deixa como testamenteiros seus sobrinhos: Antonio Carvalho e Antonio Sanches, assistentes no Piauí, e um terceiro sobrinho Manoel Carvalho, morador na Bahia.
Esse Manoel Carvalho, sobrinho que teria sido levado para o Piauí com o tio avô Padre Tomé e depois mandado para a Bahia e em seguida para a Universidade de Coimbra é o dr. Manoel Carvalho e Silva Almeida. 

Graças a seu esforço para se habilitar à herança do tio padre conhecemos hoje assentos de batismo e casamento importantes para dirimir dúvidas antigas.

Mas a própria Justiça Portuguesa da época tinha suas dúvidas e não se sabe se Manoel conseguiu seu objetivo. Seria esse Manoel Carvalho o sobrinho a quem o padre Tomé dedicou a terça parte de seus bens e ações depois de pagas as dívidas e obras pias?
Quem seria o Antonio Carvalho, herdeiro de Tomé e irmão do Dr. Manoel Carvalho e Silva Almeida?

Nos autos do processo, Antonio Carvalho é referido em 1786 como capitão-mor nos "Estados", vivo e constituído procurador do irmão Dr. Manoel Carvalho.

E sabemos que Antonio Carvalho de Almeida conseguiu a famosa sesmaria da Vitória  em 1739, herança do tio Padre Tomé. E que cuidava das fazendas do padre à época da confecção de seu testamento ("assistente em minhas fazendas").

Outros nomes aparecem: Davi Borges da Cunha, Matias Borges Correa, Manoel Francisco Ribeiro.

Tomé revela preferência pelas sobrinhas "fêmeas", destinando a elas parte da herança. Uma delas é Ângela de Almeida, filha mais nova de sua irmã Maria de Almeida com Manoel Sanches.

Outro sobrinho é constituído testamenteiro e procurador: o padre André da Silva (Almeida), assistente também no Piauí, que herdaria todos os bens da casa do tio, se  morresse antes o Reverendo Padre Miguel de Carvalho, irmão de Tomé.

Para tirar a dúvida se Manoel Carvalho era o sobrinho a quem se destinava a terça da herança seria necessário fazer a pergunta: "o senhor recebeu um dinheiro de seu tio padre para comprar um moleque... o que fez com o dinheiro?".